10° Indicação de Quarentena


"O Hospedeiro” - 2006

Na minha opinião o melhor filme de Bong Joon Ho, não que os outros filmes dele não sejam bons, Mother é maravilhoso e comovente, Expresso do Amanhã é um metáfora muito inteligente sobre os abismo social e econômico da sociedade atual.


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No hospedeiro, um dos primeiros filmes de Bong Joon Ho, ele começa com uma crítica a submissão do povo coreano em relação aos americanos, colocando um cientista americano que despeja um produto tóxico no esgoto da cidade, contaminando o principal rio de Seul, Rio Han (Alguma similaridade?). Anos depois, somos apresentados a família de Park, comecemos por Gang Doo (Kang-ho Song sempre presente nos filmes do diretor), um personagem exageradamente cômico que trabalha com o pai em uma banca que petiscos a beira do Rio Han, sua filha Hyun-seo (Ko Asung empolgante), uma menina corajosa e inteligente, muito apegada ao pai, o avô Hie-bong (Hee-Bong Byun),o patriarca da família que perdoa todas as maluquices de Gang Doo. Ainda temos Nam-Joo (Doona Bae maravilhosa), a irmã de Gang Doo, uma atleta de arco e flecha (esporte muito popular na Coréia do Sul) e Nam-il (Hae-il Park), irmão de Gang Doo, um universitário que se tornou um protestante profissional.

Nenhum desses personagens está de graça na história, quem conhece um pouco da história política da Coréia do Sul, sabe que o país foi durante mais de 30 anos um ditadura violenta, que reprimiu e matou vários estudantes. A família Park representa a cultura coreana que tenta sobreviver a invasão americana. O protagonista representa a submissão e idiotização do povo coreano, que começou a despertar após a abertura democrática. Na história Hyun-seo é capturada pelo monstro, a família Park tenta de todas as formas salvar a menina e destruir o monstro. Como no filme Parasita, estamos diante da dúvida de quem é na verdade o Hospedeiro do título do filme (mais uma crítica disfarçada invasor/ hospedeiro).

O monstro do filme, resultado de uma mutação de uma animal aquático, é outro destaque do filme. Muito antes de Midsommar tentar criar o terror diurno, esse monstro mostrado a luz do dia desde as primeiras cenas, quebra algumas regras do gênero. O mutante desengonçado consegue imprimir uma certa empatia, mas que desaparece após ele engolir os primeiros seres humanos. No desenrolar da história temos vários clichês, passamos do drama a comédia em segundos. A crítica social, ecológica e econômica permanece atual com elementos como fake news, um vírus assassino, o agente laranja e o descaso de autoridades estrangeiras. O final, que de forma alguma é condescendente, temos a vitória do homem comum e livre sobre o monstro invasor. Um filme do cinema de gênero (criado pelos próprios americanos), que se utiliza de todas as suas armas para fazer críticas contra esse invasor cultural.

Fabio Yamada

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