"CAFARNAUM" - 2018
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Um daqueles melodramas com crianças sofredoras como protagonistas, impossível de conter as lágrimas. Esse filme põe Central do Brasil e A Vida é Bela no chinelo no medidor de sofrência.
Na história temos uma família de imigrantes sírios, com muitos filhos, que moram em uma casa com poucos cômodos em uma favela do Líbano e que são explorados pelo inquilino.
As crianças são obrigadas a ganhar dinheiro realizando pequenos bicos. Neste universo surge Zain (Zain Al Rafeea maravilhoso), um menino com doze anos que consegue trazer dinheiro para casa e que tem um grande apreço pela irmã mais nova. Os pais decidem vender a menina para um comerciante afim de saldar dívidas, Zain planeja fugir com a irmã. A fuga não se concretiza e Zain sai de casa sozinho.
A partir de então, acompanhamos a saga de Zain pelas ruas da cidade em busca de trabalho, comida e um lugar para pode dormir. Nessa busca, ele vai parar em um parque de diversões onde conhece, Rahil (Yordanos Shiferaw), uma imigrante etíope que trabalha de forma informal, sem documentos necessários. Ela tem que levar Yanos, o filho recém nasido, para o trabalho, pois não tem quem cuide da criança. Ela ao ajudar Zain vê a oportunidade de ter alguém para cuidar do filho.
Rahil é explorada por um falsificador de documentos que assedia insistentemente para que ela venda seu filho e assim consiga o dinheiro para pagar pelos documentos. Enquanto Zain fica cuidando de Yanos, Rahil se envolve em pequenos delitos e acaba presa com risco de ser deportada.
Zain fica sem notícias de Rahil, sem dinheiro para conseguir comida para ele e para Yanos. Zain tenta encontrar Rahil, mas acaba encontrando mais dificuldade. Ao retornar para casa sem dinheiro, sem comida e sem notícias de Rahil, ele percebe que foi despejado da casa. Yanos começa a ficar doente por falta de comida. Zain se desespera e acaba entregando o bebê para o mau-caráter falsificador de documentos.
O sofrimento e desespero de Zain são palpáveis, a câmera na mão com Zain o tempo inteiro em cena aproxima o filme de uma narrativa documental. Essa realidade de crianças abandonadas a própria sorte tendo que assumir responsabilidades incompatíveis podem parecer irreais para espectadores europeus e americanos, mas são bem conhecidas pelo público brasileiro, o que torna tudo ainda mais doloroso.
No entanto, a epopéia melodramática ainda não chegou ao fim. Zain retorna para casa e descobre que sua irmã morreu após a noite de núpcias. Ele decide se vingar e tenta matar o comprador da irmã. Zain acaba preso pelo crime. Na prisão, Zain decide processar os pais por não assumirem a responsabilidade pela paternidade, exigindo sua emancipação. O final pode parecer destoante do resto de filme, mas é quase impossível não se emocionar com o discurso de Zain.
Crítica por: Fabio Yamada.
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