Crítica: A Vastidão Da Noite

"A VASTIDÃO DA NOITE" - 2019

🔑🔑🔑🔑🔑



Um filme fantástico sobre invasão alienígena. Um enredo e personagens que lembram alguns filmes de Spielberg, mas sem ser tão condescendente e sem aquelas obsessões com bom mocismo e a unidade familiar. Mesclado com alguns momentos inspirados em livros de Stephen King, com uma atmosfera de sufocante de suspense e mistério.

Na história temos dois protagonistas, Fay (Sierra McCormick, irreconhecível e radiante), uma adolescente telefonista supercuriosa que acabou de comprar um gravador portátil, e Everett (Jake Horowitz), um radialista, que faz um tour com ela na escola ensinando ela a usar o gravador, antes do jogo de basquete que ele irá transmitir ao vivo.

Andrew Patterson utiliza longas tomadas em plano-sequência acompanhando os dois personagens para nos mostrar os cenários e habitantes dessa pequena cidade americana da década de 50.

A sequência em que Fay conta sobre as futuras inovações científicas que ela leu em revistas do tipo “Superinteressante” é deliciosamente fantástica, carros autônomos trafegando sobre rodovias, trens de alta velocidade cruzando mares e telefone celulares realizando vídeo-conferências, pura ficção científica para época.

A concepção de associar a forma com o conteúdo da história ressaltando dois personagens que trabalham exclusivamente com transmissão de sons (radialista e telefonista) investigando estranhas frequências sonoras captadas por seus aparelhos é muito inteligente e sofisticada. A maior parte do suspense e mistério do filme advém da oralidade, com os personagens relatando os acontecimentos vividos, em sua grande maioria somos obrigados a imaginar os fatos ocorridos com nossa própria imaginação (suscitando clássicos da ficção científica do passado - Contato Imediatos do Terceiro Grau e outros). Patterson não nos entrega uma construção visual fechada dos acontecimentos, o que aumenta ainda mais nossa apreensão diante do desconhecido.

Um filme cheio de surpresas, com performances marcantes dos dois protagonistas que criam personagens verossímeis e carismáticos. Um radialista pouco ético e uma telefonista espevitada que prefere fugir dos aliens a pé por não estar acostumada a andar de carro. Uma homenagem aos clássicos de ficção científica. Outro filme imperdível com final impactante.


Crítica por: Fabio Yamada.

Comentários