“Gloria" - 2013
Um filme belo, mas por vezes melancólico, de Sebastián Lelio.
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Um filme sobre um personagem completo, mostrado em todas as suas necessidades, fraquezas e limites. Uma história que fala sobre solidão, sobre uma mulher que está sozinha, mas não é solitária.
Na história, Gloria (Paulina Garcia) é uma mulher de 58 anos, divorciada com dois filhos adultos que trabalha, independente, mora sozinha e gosta de dançar. Paulina Garcia (que venceu Urso de Prata em Berlin pelo papel) nos entrega uma personagem carismática sem ser caricata, animada sem ser vulgar, pró-ativa sem ser invasiva. A própria personagem se define em uma fala, que é uma mulher feliz e animada mas que as vezes tem manhãs e tardes tristes.
Gloria tenta participar da vidas dos filhos, que independentes não tem muito tempo para ela. Ela gosta de sair para dançar e beber um pouco, quando animada toma a iniciativa e seduz homens que lhe despertam interesse. Ela não é propriamente bonita, mas tem seus atrativos. Ela se envolve afetivamente com Rodolfo (Sergio Hernández) que acabou de realizar uma gastroplastia e resolveu mudar de vida, separando-se da esposa e saindo de casa. No entanto, vive uma relação de co-dependência com as duas filhas, que apesar de adultas são imaturas. Gloria sabe viver sua sexualidade plenamente, mas deseja viver um relacionamento completo com Rodolfo, que não está em condições de oferecer isso a ela. Gloria é uma mulher positivista que está aberta a novas experiências, ela acredita que tem direito a ser feliz, mas não fará concessões ou se humilhará para manter um relacionamento.
O filme foi refilmado pelo próprio Sebastián Lelio em 2017, com a maravilhosa Julianne Moore no papel principal, com algumas diferenças no roteiro. Não seria justo comparar as duas performances, sendo que a primeira nos passa mais realismo e humanidade por não carregar a persona da atriz americana.
A cena final do filme, numa festa de casamento, ao som da música Gloria (versão em espanhol) de Umberto Tozzi resume a personagem e o filme. Gloria é uma mulher que não precisa de companhia para arrasar em uma pista de dança. Ela só quer ser feliz.
Crítica por: Fabio Yamada
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